Breve introdução ao Livro de Ageu

O LIVRO DE AGEU

  1. AUTORIA

A respeito de Ageu temos poucas informações, e o que sabemos encontra-se em seu próprio livro bem como no livro de Esdras uma vez que são livros pós-exílicos. Duas expressões identificam Ageu como “porta-voz” de Deus. Ele é chamado “profeta” (1.1; 2.1,10; Ed 5.1; 6.14) e “mensageiro do Senhor” (1.13). Sabemos que ele estava pregando em Jerusalém ao mesmo tempo que Zacarias. Seu livro está entre os mais curtos do AT.

Seu nome é derivado do termo hebraico que significa “festa, festivo”, especula-se tenha recebido tal nome em virtude de ter nascido por ocasião de um feriado religioso do calendário litúrgico judaico.

  1. DATA

De acordo com 1.1, as quatro profecias (ou oráculos) presentes no livro foram proferidas no 2º ano de Dario Histaspes, que começara a reinar em setembro de 522 a.C. Sendo assim, a cronologia de Ageu por ser muito precisa nos permite determinar o dia exato da composição de cada profecia.

Ano Mês Dia Calendário Atual
1º profecia/oráculo 2 6 (Ab) 1 29 de agosto de 520 a.C.
2º profecia/oráculo 2 7 (Tishri) 21 17 de outubro de 520 a.C.
3º profecia/oráculo 2 9 (Kislev) 24 18 de dezembro de 520 a.C.
4º profecia/oráculo 2 9 (Kislev) 24 18 de dezembro de 520 a.C.
  1. CONTEXTO HISTÓRICO

O pano de fundo da profecia de Ageu foi o reinado de Dario I, rei da Pérsia (521 – 486 a.C.). Ciro consolidara seu poder com a derrota dos medos em 549 a.C. e foi recebido na Babilônia como rei da Pérsia em 539 a.C. Com Ciro no poder, os judeus foram beneficiados por um decreto publicado em 538 a.C. que permitiu voltarem para sua terra natal.

O primeiro grupo que retornara da Babilônia era de mais de 42.360 (Ed 2.64,65) e foi liderada por Sesbazar (Ed 1.5-11). Nesse momento a fundação do novo templo foi lançada. Entretanto, o projeto foi logo abandonado devido a severa oposição externa dos povos vizinhos e dos oficiais persas designados para a região (Ed 4.1-5; 5.3-5). Assim, o povo caiu num ciclo de desânimo diante da oposição, negligência espiritual e pobreza material fazendo com que a paralisação da reconstrução durasse aproximadamente 15 anos.

Dentro dessa realidade, Ageu e Zacarias são levantados por Deus para mobilizar a comunidade para um segundo projeto de reconstrução em 520 a.C. A conclusão do Templo foi concluída em cerca de 516/515 a.C.

  1. COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA LITERÁRIA

Ageu é constituído por um conjunto de 4 profecias (oráculos) enuciados de forma direta numa estrutura narrativa em prosa, escrito na 3ª pessoa. Ageu foi contemporâneo de Zacarias, e através de seus ministérios, o Templo foi reconstruído em Jerusalém. O profeta Ageu exerceu um ministério de curto prazo (4 meses). Suas quatro mensagens foram transmitidas num período de quatro meses. Ainda que a data de 520 a.C. tenha aceitação universal, alguns alegam que o livro tenha sido concluído entre o desafio de Ageu para reconstruir o templo em 520 a.C. e o fim da reconstrução em 516/515 a.C.).

ESTRUTURA/ESBOÇO

a)    Profecia 1 – Desafio de Ageu para renovar a Aliança (1.1-15)

  1. Chamado para Reconstruir o Templo (1.1-11)
  2. Resposta do remanescente (1.12-15)

b)    Profecia 2 – Promessa de Restauração (2.1-9)

c)    Profecia 3 – Apelo à Santidade (2.10-19)

d)    Profecia 4 – Promessa do Senhor a Zorobabel (2.20-23)

  1. PROBLEMAS LEVANTADOS PELA ALTO-CRÍTICA
  1. CONSIDERAÇÕES EDITORIAIS

i.    Argumento sobre estrutura em 3ª pessoa: Considerando que Ageu foi escrito em terceira pessoa, muitos concluíram que o autor do livro não foi ele próprio, mas um editor compilou as declarações do profeta dentro do contexto da narrativa.

  1. O autor do livro teria sido um amigo ou discípulo de Ageu que buscava enfatizar o papel do profeta na reconstrução do Templo em contraste com o de Zacarias (Rudolph).
  2. O editor teria vivido um século ou dois mais tarde, havendo sido influenciado pelo Cronista (Ackroyd e Beuken).

Defesa: Os que defedem Ageu como o autor do livro, sustentam que a obra foi escrita em narrativas em terceira pessoa na sua estrutura para aumentar a objetividade e a realidade histórica do relato ou autenticar as suas profecias como a palavra de Deus.

ii.    Divergências de Sequências de Texto

  1. As datas em 1.15a e 2.18, são as únicas que não encabeçam seções proféticas.
    1. Seria um material profético perdido
    2. Seria um material profético apenas movido para mais adiante.

Defesa: tais reconstruções são desnecessárias, pois o texto de Ageu faz mais sentido em ordem presente. Ageu 1.15a forma um final apropriado para 1.12-14, demonstrando a rapidez com que o povo reagiu. Na realidade o sexto mês era de colheita, e o intervalo de 23 dias torna perfeitamente aceitável que o trabalho de colheita tenha sido feito neste prazo, e assim deixando todo homem capaz livre para participar da reconstrução do Templo.

Ageu 2.15-19 fornece uma conclusão adequada para o ensino sacerdotal anterior (2.10-14). A necessidade da reconstrução do Templo demonstraria a recuperação da vida espiritual, um tanto negligenciada pelo povo. Mudar a sequência de 2.15-19 deixaria o 2.10-14 sem nexo no próprio livro.

Em resumo, Ageu é um apelo/desafio ao povo da época e a nós a refletirmos sobre nossas prioridades na vida. “Primeiro as primeiras coisas” (J. Cáceres). E em termos ministeriais Ageu serve como um teste para nossas motivações, estamos buscando nossa glória, nosso conforto ou a glória do Senhor?

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BALDWIN, J.G. Ageu, Zacarias e Malaquias – Introdução e Comentário.1ed.reimp.

São Paulo: Vida Nova, 2008, 21-27

DILLARD, Raymond B., LONGMAN III, Tremper. Introdução ao Antigo Testamento.

Vida Nova. pp.402-06

HILL, Andrew E., WALTON, J. H. Panorama do Antigo Testamento. Vida, pp. 585-91

LASOR, William et al. Introdução ao Antigo Testamento.1ed.reimp. São Paulo: Vida

Nova, 1999, 423-29

PINTO, Carlos O. C. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento.1ed. São

Paulo:Hagnos, 2006, 777-784

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